Análise: Recuperação em Curso e Desafios do Governo

Em um panorama mundial, na maioria dos países o prior da crise de saúde pública já passou e quanto a economia, o fundo do poço, vai ficando para trás. Boas notícias quanto a busca de uma vacina chegam a todo o momento e a semana iniciada em 23 de agosto (2020) começou otimista para o mercado financeiro com a S&P 500 e Nasdaq batendo novos recordes (SINGH, 2020) impulsionadas pelo anúncio, no domingo, de que a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou o tratamento de Covid-19 com plasma de sangue de pacientes que se recuperaram do novo corona vírus e aliado ao fato da reabertura parcial e dos incentivos fiscais e monetários que estão permitindo a recuperação da economia.
Nos Estado Unidos ainda existem incertezas com o ritmo da recuperação com aumento no registro de mortes no Texas, Flórida e mais outros oito estados e na economia, com o fim próximo dos estímulos fiscais e do auxílio governamental a desempregados, tendo em vista a necessidade de reduzir o déficit público trazendo incertezas quanto a consistência da recuperação.
Na Europa o contágio segue controlado mesmo com alguns países registrando aumento de contaminações entre os jovens e o processo contínuo de reabertura dos negócios demonstram que a recuperação da economia segue em curso.
Na China o PIB voltou a crescer, depois de um recuo de 6,8% no 1º trimestre, um crescimento de 3,2% no 2º trimestre e fechando o semestre com crescimento de 1,6% em relação ao 1º semestre de 2019. Entretanto, a recuperação não se demonstra homogênea. Setores como comércio, transportes e serviços prestados às famílias ainda parecem longe de recuperar as perdas sofridas e mesmo preocupados com uma segunda onda da COVID, o anseio maior é quanto a uma segunda onda da guerra comercial com os EUA. Quanto mais Trump perde terreno nas pesquisa eleitorais, mais quente fica este ambiente de guerra fria.
O que se percebe fora do Brasil é uma retomada gradual da economia, mas com uma assimetria entre os diferentes setores, onde a atividade de serviços continua como uma das mais retraídas. Fala-se muito em recuperação em V, ou Taco de golf, mas o que estamos observando é uma recuperação em K.

No Brasil, após um grande recuo a atividade econômica segue se recuperando e surpreendendo positivamente as expectativas dos especialistas, baseada no consumo de bens em detrimento aos serviços, semelhante ao que ocorre no restante do mundo.

Com a extensão do auxílio emergencial a FGV, em agosto, revisou o recuo do PIB de 2020 para 5,5% contra os 6,4% anteriores com crescimento de 3,5% em 2021. Pela oitava vez consecutiva, o mercado financeiro melhorou a projeção do tombo para o PIB brasileiro e segundo o boletim Focus (25/08/20), a economia do país deve retrair 5,46%, ante os 5,52% projetados na semana anterior. Existe porém, muita preocupação com a sustentabilidade fiscal, devida a extensão do auxílio emergencial (principal gasto, equivalente a 2,8% do PIB e um total de R$ 205 bilhões) e uma receita menor causada pela postergação do recolhimento de impostos.

Em 2020 o déficit primário deve atingir 12,4% e a Dívida Bruta no patamar de 95% do PIB. A grande preocupação, neste sentido, é a pressão que ministros próximos ao Presidente tem exercido para se extrapolar o teto de gastos no próximo ano e ampliar ainda mais o Déficit Primário e a Dívida Pública.



Os desafios do “Governo Bolsonaro” frente ao atual quadro econômico são o enfrentamento das consequências da Pandemia, a criação das condições para recuperação da economia mantendo ao mesmo tempo as contas públicas sob controle, a realização da Reforma tributária para tornar o ambiente de negócios atraente ao capital privado nacional e internacional, a Reforma Administrativa para desregulamentação e redução do Estado, Assegurar o Crescimento Econômico sem a expansão de gastos públicos e com privatizações e investimentos privados e Enfrentar o desemprego, com uma taxa de desocupação projetada para 2020 de 13,3%
Por outro lado, para as empresas, o desafio está em lidar com a desaceleração e aceleração do PIB. O país estava em recuperação, depois das crises de 2014, 2015 e 2016 no segundo governo da Presidente Dilma e foi apanhado pela pandemia do Corona vírus. Mesmo com a previsão sendo reduzida, a queda do PIB em 2020, trouxe muitos problemas para as empresas brasileiras.

A expectativa para 2021 é de crescimento entre 3,2% e 3,5% em 2021 e mesmo sendo um bom sinal trás um grande desafio. As empresas que vinham com problemas de caixa e com alto grau de endividamento, se viram diante de uma nova crise aumentando ainda mais o problema. A recuperação da economia exige uma atenção com o crescimento das vendas e a expansão da necessidade de capital de giro para empresas altamente alavancadas.
Humberto Moura Ribeiro, engenheiro mecânico e de produção formado pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e com MBA (Master of Business Administration) em Desenvolvimento Executivo pela FIA/USP (Fundação Instituto de Administração e Universidade de São Paulo), possui 25 anos de experiência em consultoria em planejamento estratégico, governança corporativa, profissionalização e sucessão familiar, reestruturação de processos, entre outros. Conselheiro de Administração em empresas do setor de autopeças e farmacêutico e autor do livro Profissionalização e Sucessão em Empresas Familiares, com diversos artigos publicados na mídia especializada, e tem atuado em empresas de variados ramos de negócio, tais como: automobilístico, autopeças, saúde, químico e petroquímico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SINGH, M; S&P 500 e Nasdaq batem novos recordes com novo tratamento para Covid-19; CNN Brasil; Brasília, 2020 Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/08/24/sp-500-e-nasdaq-atingem-maximas-recorde-com-novo-tratamento-para-covid-19?utm_source=CNN+Brasil+Newsletter&utm_campaign=e52e106525-EMAIL_CAMPAIGN_5_15_2020_15_53_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_8f0e69a1e0-e52e106525-346255860> Acesso em 27.ago.2020.