Como se preparar para a indústria 4.0?

O termo Indústria 4.0 foi utilizado pela primeira vez em 2011, durante a Hannover Fair, maior feira industrial do mundo, realizada anualmente desde 1947 e atualmente bastante focada no segmento da robótica. Na época, o termo foi utilizado para descrever uma nova tendência industrial de organizar as linhas de produção através de “smart factories“, ou fábricas inteligentes, que poderiam proporcionar cadeias de valor revolucionárias utilizando-se de plataformas digitais para integrar sistemas físicos, virtuais e até biológicos.
Mas quando exatamente chegaria a época desta quarta revolução industrial? O professor alemão Klaus Martin Schwab, engenheiro e economista, mas mais conhecido como fundador e presidente executivo do World Economic Forum, publicou em 2016, um livro intitulado “The Fourth Industrial Revolution“, sugerindo que estamos passando por este momento agora e descrevendo como esta quarta revolução é fundamentalmente diferente das três anteriores, caracterizadas principalmente por avanços tecnológicos.
Para se caracterizar uma revolução industrial, imagina-se que as mudanças impostas sejam radicais e que influenciem os ambientes sociais, políticos e econômicos. O professor Schwab sugere que as atuais mudanças promovidas por novas tecnologias como inteligência artificial, internet móvel, internet das coisas, big data, automação e nanotecnologias possuem um grande potencial disruptivo e justificam a utilização deste termo no presente momento, onde as mudanças são aceleradas e estão alcançando uma escala significativa.
Em um artigo recente da Boston Consulting Group, a consultora japonesa e diretora do escritório da BCG no Japão, Miki Tsusaka, comentou que “todas as indústrias serão afetadas, se não até, transformadas” pela quarta revolução industrial. Ela afetará os fundamentos de nossa sociedade como crescimento econômico, educação, sistemas de financiamento, segurança, comércio internacional, saúde, pobreza, etc.
O cenário é preocupante já que se estima que muitas empresas não conseguirão se adaptar nos próximos 5 anos. Como então enfrentar este momento? Jim Collins e Morten T. Hansen, consultores americanos, no livro “Great by Choice” ( How to Manage Through Chaos, 2011), fazem uma provocação. ” Não podemos prever o futuro. Mas podemos criá-lo”. Se faz necessário que os líderes não se posicionem como expectadores deste ambiente de mudança e tentem protagonizar as novas estratégias em suas organizações, refletindo sobre os riscos de cada linha de negócio, monitorando o que os concorrentes estão fazendo, acompanhando o potencial das novas tecnologias e, talvez o mais importante, criando o ambiente de inovação em suas organizações.
Como Collins e Hansen mencionam, “os mercados financeiros estão fora de nosso controle, assim como os clientes, concorrência global mudanças tecnológicas, terremotos, enfim, tudo fora de nosso controle. Contudo, os autores sugerem que focar em estratégias de curto e médio prazo, podem ajudar as organizações a criar foco momentâneo e ao mesmo tempo, manterem-se atentos sobre as mudanças. Ou seja, através de um ciclo contínuo de planejamentos, ficarem atentos para as novas oportunidades, mas principalmente, poderem criar foco em pequenos grupos de objetivos que possam ser atingidos, criando a percepção de rumo e positividade na organização.
Mas apenas planejar pode não ser suficiente. É necessário criar um processo novo onde o tema inovação seja um dos fatores principais e para isso, será necessário que a organização esteja preparada para não cair nas armadilhas do “sucesso passado”, liderar com convicção, para que os colaboradores consigam incorporar uma nova cultura de inovação e diversificaro grupo que irá trabalhar nas organizações das estratégias, envolvendo, conforme for o caso, colaboradores com diferentes perspectivas culturais, tecnológicas e até motivacionais.
Alessandro Santiago, Diretor Comercial e Marketing do Grupo NBS, MBA em Desenvolvimento de Executivos pela FIA/USP, Pós-Graduado em Gestão de Projetos e Portfólios (PPM) pela Universidade Anhembi Morumbi, Produtor Multimídia pela UMESP e especialista em gestão de processos, qualidade e sustentabilidade.